quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Brincando com a política monetária


Já pensou em ser presidente do Banco Central e estar no centro das decisões sobre a política monetária?

Conter a inflação ou gerar empregos? 
Taxa básica de juros alta ajuda a manter a inflação sob controle, mas desestimula a economia e gera desemprego. O contrário é verdadeiro, taxas muito baixas estimulam o emprego mas também aceleram a inflação.
  
Nesse joguinho divertido é possível entender melhor esses conceitos na prática. Você será o (a) presidente do FED (Banco Central dos EUA) e terá que decidir sobre a taxa básica de juros a cada reunião do conselho. Sua função é manter inflação e empregos dentro da meta no final do período e, claro, manter o seu emprego!. A cada decisão, além dos resultados nos indicadores econômicos, você verá a reação da imprensa.
Quando tudo parecer estar sob controle uma crise pode te levar a mudar drásticamente o rumo. Tome as suas decisões, aprenda e divirta-se!

Para jogar clique aqui.


Para quem quiser entender um pouco mais sobre o tema e as implicações para os investidores, sugiro a leitura do texto abaixo, que foi publicado no dia 02/05/2012 no Brasil 247 (na época a taxa Selic estava em 8,75%)

INFLAÇÃO, SELIC E INVESTIMENTOS

Entenda como as duas variantes interferem nas decisões do investidor. Taxa básica de juros em queda indica tendência de alta nos preços dos ativos de renda variável

2 DE MAIO DE 2012 ÀS 21:20

Arthur Vieira de Moraes* para o 247 - Inflação e selic ficam nas pontas da vara que o equilibrista usa para caminhar pela corda bamba. Esse equilibrista é o Banco Central do Brasil. Sua principal função é garantir que a inflação fique dentro da meta estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), e sua maior ferramenta para o controle da inflação é a taxa selic.

Todos querem juros baixos para estimular a economia e gerar crescimento, mas ninguém quer inflação alta. Esta difícil equação é a eterna preocupação do Banco Central: encontrar a medida certa da taxa selic para permitir um crescimento sustentável, mas com inflação dentro da meta.

Muitos fatores pressionam os preços e causam inflação, e talvez o principal deles, atualmente, seja a falta de infraestrutura no País. Mas não compete ao Banco Central mandar construir aeroportos e estradas, isto é decisão para o Executivo. Resta ao Banco Central cuidar da febre (e não da doença), e isto é feito com o amargo remédio da taxa selic.

Toda vez que a inflação (febre) sobe, o Banco Central aumenta a taxa selic (remédio) para encarecer o crédito, desestimular o consumo e frear a inflação. Se após 45 dias (na reunião seguinte do Copom) a febre não tiver baixado, o Banco Central aumenta a dose do remédio, ou seja, sobe mais os juros. Até que a situação se normalize, e a febre comece a baixar. Neste caso, os juros podem voltar a cair, para estimular a economia, e seguem caindo enquanto possível. Mas se o estímulo for demasiado, a inflação volta, e os juros precisam subir novamente.

Sempre assim, em busca do equilíbrio, a taxa selic vai subindo e descendo.

E os investimentos com isso?

A taxa selic serve de referência para as aplicações financeiras atreladas ao CDI, como CDB, LCI, fundos de renda fixa etc. Estas aplicações de baixo risco definem o custo de oportunidade de um investimento.

Custo de oportunidade é um raciocínio que todo investidor consciente faz, comparando uma aplicação financeira de baixo risco com um investimento que possui riscos. Quer dizer, se existe oportunidade de ganhar x% em uma aplicação de baixo risco, só vale a pena investir em ativos de risco se a expectativa de ganho for maior.

Vejamos na prática: um CDB que pague 100% do CDI deverá render 8,75% em um ano -- considerando a taxa selic atual, em 9% ao ano. Esse rendimento é tributado na ordem de 20%. Portanto, o rendimento líquido será de 7% ao ano. Quem tem oportunidade de ganhar 7% em uma aplicação de baixo risco só vai pensar em fazer um investimento arriscado (ações, fundos imobiliários, imóveis, negócio próprio, agropecuária etc.) se acreditar que pode ter um retorno superior.

Custo de oportunidade muito alto desestimula os mercados de risco. Investidores de todos os portes preferem deixar dinheiro aplicado no banco ao invés de investir. O efeito deste comportamento é menor demanda para os ativos de risco. As taxas de juros no Brasil sempre foram muito altas, até pouco tempo atrás era fácil ganhar dinheiro na renda fixa, o custo de oportunidade para investimentos de risco era alto.

Com as quedas na taxa básica de juros que o Copom vem promovendo neste ano, a situação está mudando rapidamente. Os ganhos fáceis das aplicações financeiras estão "secando", e os investidores que quiserem rentabilidades maiores terão que colocar o dinheiro para circular nos mercados de risco.

Então, quanto mais alta a inflação, mais alta a taxa selic, maiores os ganhos das aplicações de baixo risco, maior o custo de oportunidade. A consequência é tendência de queda nos preços dos ativos de renda variável. O inverso é verdadeiro. Quanto mais baixa a inflação, mais baixa a taxa selic, menores os ganhos das aplicações de baixo risco, menor o custo de oportunidade. Portanto, tendência de alta nos preços dos ativos de renda variável.

Tendência não é certeza de alta ou de baixa nos preços dos ativos. Além disso, os mercados são influenciados por "n" fatores, uns matemáticos e racionais, outros subjetivos e emocionais. Mas o custo de oportunidade é uma medida racional importante para a tomada de decisão do investidor. Portanto, é preciso ficar atento também aos rumos da economia para fazer bons investimentos.

2 comentários:

  1. Acredito que o investidor precisa pelo menos ter uma noção básica de macroeconomia. Para isso, basta ler dois ou três artigos por dia, em mídias diferenciadas. Acho que esta correlação entre taxa de juros x ativos é válida, porém longe de ser uma regra. O Brasil é um belo exemplo, dos mais recentes, onde esta correlação pode não existir. O Copom está cortando os juros há mais de 1 ano, e os ativos não se valorizaram na bolsa. Isto não significa que a bolsa continuará caindo, muito pelo contrário, as condições agora (macro, técnica e fluxo $$$) estão mais favoráveis para manutenção da tendência de alta iniciada no final do mês e julho deste ano.

    Muito bom o texto,

    Abcs,

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    Respostas
    1. Obrigado FI!

      A relação juros x ativos é importante, mas longe de ser uma certeza. Há momentos em que os mercados ficam totalmente desregulados, especialmente numa crise como a que atravessamos agora.

      Para comprovar que vivemos momentos totalmente fora de qualquer "padrão" basta entrar no joguinho e regular a taxa básica para 0,25% ao ano. É o que acontece na prática hoje nos EUA. Algo totalmente fora de qualquer parâmetro.

      Abraço

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